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UFRGS desenvolve chip resistente à radiação para satélites

Restrição dos EUA à venda de componentes para a defesa leva Brasil a criar soluções próprias

Um chip para uso em ambiente aeroespacial foi desenvolvido pelo Instituto de Informática da UFRGS em conjunto com a NSCAD Microeletrônica. O protótipo, resistente à radiação, é o primeiro do gênero com tecnologia brasileira.

Eletrônicos que operam no espaço são afetados por radiação emitida pelo sol. Em períodos de intensa atividade, satélites de GPS e de telecomunicações são atingidos e podem ser danificados. O chip desenvolvido no Rio Grande do Sul tem dois núcleos. Um deles está protegido contra radiação e o outro não, o que serve para comparar os resultados, detectar possíveis falhas resultantes da radiação e fazer a correção da leitura dos dados. O circuito será usado em nanossatélites.

— Quando o satélite está há muito tempo no espaço, a radioatividade fica acumulada e pode provocar mau funcionamento do circuito. Ou então elementos de memória podem trocar valores armazenados e geram resultados errados ao processar uma imagem ou calcular uma rota. Por isso é importante detectar essa falha, para que o usuário final, quando usa o GPS, não receba um resultado falso — explica Fernanda Gusmão Kastensmidt, coordenadora do projeto.

O investimento em tecnologia própria é necessário porque os Estados Unidos restringem a exportação deste tipo de componente, considerado questão sensível de defesa nacional.

De acordo com Cezar Reinbrecht, pesquisador da NSCAD Microeletrônica, o material também pode ser aplicado em outras áreas, onde existe influência da radiação e necessidade de redução de erros, como em componentes de aeronaves, transporte ferroviário e equipamentos médicos.

— Desenvolvemos o chip de forma que os componentes podem ser adaptados a outros usos e novas tecnologias. Quem precisar desenvolver um chip similar, não precisará começar do zero — ressalta Reinbrecht.

A próxima etapa do projeto financiado pela Agência Espacial Brasileira é uma sessão de testes sob o efeito de radiação nos próximos dois meses.

Fonte: Zero Hora - 24/04/2012

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